BOURDIEU
Pierre Bourdieu legou-nos um jeito firme mas paradoxal, quase trágico, de encarar o ofício do sociólogo: um exercício contingente e problemático nos seus fundamentos mas que nem por isso perde autoridade e responsabilidade ao nível dos seus resultados.
Para Bourdieu, a relatividade do conhecimento sociólogo não justifica a demissão nem o laxismo, antes pelo contrário, exige um rigor redobrado. Esta atitude aproxima-o de Max Weber e retoma, de alguma forma, a aposta de Pascal num Deus Escondido, de existência incerta e demonstração improvável, mas que, apesar disso ou, melhor, por isso mesmo, requer uma profissão de fé mais ousada e mais radical.
Ao longo da sua carreira, Bourdieu deslizou de uma recusa extra-mundana do mundo, escudada na "ruptura epistemológica" do cientista social, para uma recusa intra-mundana do mundo orientada para a intervenção social. Expulsa no passado pelo cientista vigilante, quase paranóico, a figura do profeta acaba por regressar pela janela do intelectual empenhado na luta pela emancipação social. A desmontagem da dominação desemboca, assim, na denúncia da "miséria do mundo". Não é, porém, por estas artes que a obra de Pierre Bourdieu perde consistência, alcance e originalidade. Atravessa-a, de parte a parte, uma identidade e uma vontade a todos os títulos excepcionais.
Texto de Albertino Gonçalves
Cara Ana,
Parabéns pela iniciativa. O blogue está impecável: ideia louvável, design sóbrio, aprumadinho... e, sobretudo, é extremamente interessante e útil. Muito útil. Fiquei positivamente impressionado.
Um abraço,
João L. Nogueira
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